A sacralidade das abadias e mosteiros – O concerto dos campanários 2
Catedrais Medievais

A sacralidade das abadias e mosteiros – O concerto dos campanários 2


Campanário da catedral de Toledo, Espanha
Campanário da catedral de Toledo, Espanha

Continuação do post anterior: O concerto dos campanários – 1



A sacralidade das abadias e mosteiros

Hoje são cada vez mais raros os mosteiros e as abadias tradicionais com religiosos reclusos que consagram suas vidas à oração, ao estudo e ao trabalho numa Ordem religiosa.

Outrora a sua influência nas respectivas regiões era incalculável. Por que esse abandono, hoje?

O timbre dos sinos de uma abadia em geral é grave, solene, compassado. Sinos há que mais parecem feitos para anunciar a eternidade do que o tempo. “Ora et labora” é o lema dos beneditinos.

Reza e trabalha: na paz, na serenidade, no sofrimento aceito, por vezes na luta contra a tentação, mas sempre obediente à regra que conduz o religioso ao Céu.

As vidas de santos estão cheias de fioretti encantadores a respeito desses heróis da fé que civilizaram o mundo bárbaro e construíram a Europa cristã.

Pois foram sobretudo os beneditinos e também outras Ordens religiosas que secaram os pântanos, fizeram progredir a agricultura e por vezes até certas indústrias.

A invenção do champanhe no século XVII, por exemplo, é atribuída ao monge beneditino Dom Pérignon, da Abadia de Saint-Pierre d'Hautvillers, perto de Epernay, na região de Champanhe.

Numa visita à Abadia de Lérins, situada na ilha de St-Honorat, próximo de Cannes, na Côte d’Azur, ele conheceu o método de vinificação de vinhos espumantes ali criado, e aplicou-o com sucesso em sua terra.

Discretamente dava-se início à história do mais célebre vinho da Terra, com o qual se festejam todas as grandes comemorações.


A influência de uma abadia vai muito além dos limites onde chega o som de seus sinos.

Porque a presença de almas votadas ao sobrenatural lhes confere uma sacralidade que as transforma em símbolos permanentes do destino eterno dos homens.

Simplesmente por existirem, elas são como um farol, uma fortaleza, um refúgio e um estímulo para o comum dos mortais. E o toque do sino é um veículo sensível dessa mensagem que vem do Céu.

Felizes são as abadias que conservaram o tradicional canto chão, o canto gregoriano. Este é uma criação verdadeiramente divina da vida religiosa, de tal modo a sua melodia dá glória a Deus, eleva as almas e as predispõe para a contemplação.

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