Basílica de São Remígio: o ambiente sobrenatural no dia do batismo de Clóvis, rei dos francos
Catedrais Medievais

Basílica de São Remígio: o ambiente sobrenatural no dia do batismo de Clóvis, rei dos francos


Fachada principal de Saint-Rémi
Fachada principal de Saint-Rémi
Luis Dufaur


Pode-se imaginar a intensidade da graça do momento em que Clóvis, rei dos francos, foi batizado na basílica de São Remígio, em Reims (França)?

Naquele momento nasceu para a Igreja Católica a nação francesa com todas as glórias que ela traria para Deus.

Nesse dia, a Igreja batizou a sua filha primogênita.

Podem-se imaginar graças de alegria, de afeto, de força, de entusiasmo, de energias naturais e sobrenaturais absolutamente novas nesse momento.

Teve algo de parecido com o mundo depois que Noé e os dele saíram da arca e se viu o Arco-Íris. Esta deveria ser a atmosfera dentro da Catedral de Reims.

Então, nós compreendemos a glória de São Remígio. Quantas orações ele há de ter feito, quantos sofrimentos ele há de ter padecido, para que essa imensa aspiração que ele trazia ‒ e que era o contrário do mundo pagão em desordem ‒, afinal de contas virasse realidade.

Há imagens da Idade Média representando pessoas puras que, quando dormiam o sono eterno, da boca nascia um lírio.

De São Remígio nasceu muito mais do que um lírio: nasceu a flor-de-lis da França.


Nave central da basílica de São Remígio.
Nave central da basílica de São Remígio.
Da alma e da santidade desse bispo, das orações de santa Clotilde, mãe de Clóvis, nasceu a grandeza da França que veio depois.

Depois de ter sido batizado Clovis, foi batizado mais alguém.

Esse alguém foi o ponto de partida genealógico, segundo aquelas genealogias um pouco fabulosas mas imensamente simpáticas da Idade Média, da casa de Montmorency.

Os duques de Montmorency iam para a batalha com sua mesnada. E todos gritavam marchando para o inimigo de espada em punho: “Dieu aide le premier chrétien”: “Que Deus ajude o primeiro cristão!”

Nesta história sente-se que há uma aliança do primeiro cristão com Deus que é uma coisa inefável, maravilhosa.

Mais bonito do que o ambiente de graças do batismo de Clóvis só entrar no Céu. Ai então tudo é indescritível, e tudo quanto há na terra são prefiguras.


Uma prefigura do Céu viveu-se naquele dia em que São Remígio batizou Clóvis e, com ele, a nascente nação francesa.

(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 1.10.64. Sem revisão do autor.)



A basílica do santo bispo que converteu a França

A abadia de Saint-Remi na cidade de Reims, França, foi fundada no século VI. Dela resta sua imponente basílica onde, desde 1099 são conservadas as relíquias do bispo Saint Remi, ou São Remígio, morto em 553.

No fundo: o coro com o túmulo de São Remígio
No fundo: o coro com o túmulo de São Remígio

O santo bispo de Reims converteu Clóvis I, rei dos francos que vinha de derrotar os alamanos na batalha de Tolbiac, após miraculosa intervenção divina. Leia mais em: O milagre de Tolbiac e a conversão da França

As humildes origens da grande abadia de Reims são escuras. De início no local existiu uma pequena capela dedicada a São Cristóvão, cujas relíquias foram trazidas por Saint Remi em 553.

Nessa humilde capela foi batizado o rei dos francos, até então chefe de uma horda de bárbaros. Maravilhado pelo ambiente sobrenatural, o rei Clóvis I pergunto ao santo bispo: “Meu pai, isto já é o Céu?”.

Túmulo de São Remígio, no interior da basílica.
Túmulo de São Remígio, no interior da basílica.
Naquele momento nasceu a França “a filha primogênita da Igreja”, pois foi a primeira nação da Cristandade ocidental a se converter.

No século IX a abadia possuía cerca de setecentas propriedades e era talvez a mais rica da França.

Os monges beneditinos garantiam a presença monástica. De 780 a 945 os arcebispos de Reims foram os abades. Nessa abadia Carlos Magno recebeu o Papa Leão III.

Em 1005 o abade Aviard iniciou a reconstrução da basílica que foi terminada pelo abade Teodorico e está em pé até nossos dias.

A basílica atual foi consagrada pelo Papa Leão IX em 1049 que lhe garantiu muitos privilégios eclesiásticos. A nave é do século XI e o transepto, em estilo românico, são mais velhos; a fachada do transepto sul é posterior.

A biblioteca da abadia e sua escola tinham imensa reputação. Pela reforma carolíngea bispados, abadias e paróquias deviam dispensar ensino gratuito, incluíndo alimentação, roupas e materiais escolares para os alunos de todas as classes sociais.

Entre 1170 e 1180 foi feito o coro para nele instalar a urna com as relíquias de Saint Remi.

Os arcebispos de Reims e muitos príncipes, Carlomano I (irmão de Carlos Magno), Henri d'Orléans e reis como Luís IV de França e Lotário foram enterrados nesta basílica.

Sobre o túmulo: o batismo e a milagrosa Santa Ampola.
Sobre o túmulo: o batismo e a milagrosa Santa Ampola.
Seu rico tesouro, portador de uma história de valor ainda mais incalculável, foi selvagemente pilhado pela Revolução Francesa em nome da trilogia revolucionária ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’, e desapareceu.

Um dos objetos cuja destruição era especialmente visada pelos revolucionários foi a Santa Ampola da coroação de reis da França.

Ela foi trazida por um pombo misterioso durante o batismo de Clóvis e continha um óleo sagrado usado na unção dos novos reis da França.

Mãos piedosas conseguiram extrair parte desse óleo enquanto a ralé criminosa avizinhava, e ainda existe tendo servido para sagrar o rei Carlos X em 1830.

Malgrado as ímpias profanações e destruições, a basílica de Saint Remi bem restaurada é um dos grandes pontos de visitação em Reims, além da famosíssima catedral dedicada a Nossa Senhora e do Palácio do Tau onde acontecia a preparação dos príncipes que iam ser coroados reis.



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