No ano de 401, na cidade de Reims, França, o arcebispo São Nicásio dedicou a Nossa Senhora um antigo templo pagão.
Aquela igreja haveria de se tornar a catedral onde Clovis foi batizado e onde seus descendentes foram sagrados.
Reis e bispos engrandeceram-na até que foi substituída por um magnífico templo galo-romano, que se tornou rapidamente célebre por numerosos milagres ali verificados.
Em 1211, um incêndio destruiu esta obra de arte e os habitantes locais, consternados desejaram reconstruí-la de maneira mais gloriosa.
Para cobrir os gastos necessários aos grandiosos planos, dois clérigos fazendo apelo à generosidade dos fiéis, transportaram sobre um andor, de cidade em cidade, a imagem milagrosa da Virgem.
Desde 1232, pôde-se celebrar o oficio divino no novo santuário. Durante todo o século XIII a perseverança, que procura antes fazer bem do que terminar depressa, edificou à glória de Maria um magnífico poema de pedra, que canta seus mistérios.
A Igreja de Reims celebrava, com a oitava de cada festa de sua Soberana e professava, desde o século XIV, sua crença na Imaculada Conceição.
Na catedral eram sagrados os Reis de França. Houve uma derradeira sagração do Rei Carlos X, irmão de Luís XVI, que reinou depois da Revolução Francesa.
Com ele a série de sagrações em Reims terminou, pelo menos até o momento.
A Igreja de Reims é um verdadeiro símbolo da arte gótica, juntamente com catedral do Notre-Dame de Paris.
E as sagrações dos Reis foram as festas mais características e simbólicas da glória e da pompa da Idade Média.
Como o Rei da França era o rex cristianissimus e a sagração dele era uma cerimônia que empolgava a Europa inteira, isto foi o que mais marcou a catedral de Reims.
Entretanto, em Reims deu-se um fato simbólico memorável.
Todas as Igrejas góticas têm do lado de fora da Igreja estátuas. Essas imagens foram decapitadas pela igualitária Revolução Francesa.
Então, para que a coroação do Rei Carlos X não se passasse em condições tristes, foram coladas sobre as imagens outras cabeças de pedra.
E para prendê-las sobre os corpos de pedra a cola mais eficaz daquele tempo era o gesso.
Acontece que a Restauração de Carlos X não foi uma verdadeira Restauração.
Ele manteve inúmeras coisas péssimas, não tocou para frente a causa da Contra-Revolução como deveria.
Aplicava-se a ele o dito magnífico de Joseph de Maistre, quando escreveu ao Rei da Sardenha:
“Majestade, depois da queda de Napoleão, tudo foi reposto, nada restaurado”.
Quando o cortejo de Carlos X chegava à catedral de Reims, os canhões começaram a troar e por causa do estampido as cabeças das imagens iam caindo no chão, porque a cola não era suficientemente forte.
Tudo tinha sido reposto, nada tinha sido restaurado. É uma maneira de a Providência simbolizar eloqüentemente a fatuidade da obra que se estava empreendendo.
Tivemos outro ensinamento melhor em Reims. Foi no tempo do Pio XII, o líder supremo soviético Kruschev visitou a Catedral. Então, o Santíssimo Sacramento foi retirado da catedral e o templo foi deixado às escuras. (ver ao lado "La Vanguardia", Barcelona, 30.3.1960)
Como a catedral foi confiscada pela Revolução Francesa e é um monumento propriedade do governo, o clero não podia fechá-lo ao chefe comunista. Então, Kruschev visitou a Igreja no escuro, com Sacratíssimo Sacramento fora em sinal de execração.
O caso do rei Carlos X sugere um pensamento: tudo foi reposto, nada foi restaurado.
Com aquele exemplo, Nossa Senhora nos quer persuadir de que a restauração da Igreja e da Civilização Cristã só pode se efetivar duravelmente se for completamente radical e profundamente religiosa. Sem isto, toda obra contra-revolucionária é inteiramente inútil.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 23/05/67. Sem revisão do autor)
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