Catedrais Medievais
A força e o sorriso nas colunas góticas
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Catedral de Exeter, Inglaterra |
O gótico é ao mesmo tempo forte e delicado. Por exemplo, suas formidáveis colunas !
Os medievais arranjaram um jeito de trabalhá-las de maneira a atenuar o que poderia haver de impressão de força quase brutal nelas.
O modo de atenuar foi esculpir a coluna dando a impressão que ela é um feixe de coluninhas que se amarram umas as outras para suportar.
E assim a pesadíssima coluna gótica deixa de ser pesada.
Ela sustenta o teto com muita firmeza, mas dá a impressão de leveza por causa das pseudo-coluninhas em que se decompõe.
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Catedral de Lincoln, Inglaterra |
A coluna gótica, mesmo do lado interior de uma catedral, dá a impressão que é uma coluna de combate.
Mesmo trabalhada de maneira a dar ilusão de um feixe de coluninhas, a coluna gótica tem qualquer coisa que é tranqüila, que não tem agitação, que não tem a tensão da luta.
Ela representa muito mais o guerreiro no seu repouso e na sua oração, do que o guerreiro batalhando.
E, como sempre acontece na guerra medieval quando ela é justa, visa a paz, visa uma solução, visa uma concórdia equilibrada.
E a ogiva exprime isso muito bem. São duas posições opostas que se resolvem num equilíbrio, ou seja, numa reconciliação entre as duas.
E por isso não é raro que no ponto de encontro das ogivas tenha florões, adornos, como quem festeja a paz.
Mas, ao mesmo tempo, a colunata gótica exprime uma alta noção do dever.
A colunata gótica nos dá idéia exatamente assim: um caminho apertado, estreito, sério, reto, sobretudo um caminho elevado.
Quer dizer, se nós nos sentirmos opressos pela proximidade de colunas de um lado e doutro, nossos olhos e nossa alma encontram os grandes espaços olhando para o alto.
O que em outros termos quer dizer: “Quando a vida está apertada, olhemos para o céu”. É a alma do católico.
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Sainte-Chapelle, Paris |
As almas que construíram o gótico, tão entusiasmadas, tão amorosas, tão enlevadas com a força, tinham em si muito outros tesouros.
Depois de terem explicitado na pedra seu desejo de força, começaram a sorrir e explicitar a sua própria doçura, como quem conta em pedra como é a sua alma.
Então, os artistas puseram anjinhos ou mesmo animaizinhos, por exemplo esquilozinhos de pedra que sobem na coluna como num tronco de árvore, como os esquilozinhos reais sobem para o alto e depois dão um pulo para um outro galho.
O esquilo é muito gracioso, é muito bonitinho, é vivo, engraçadinho.
O sorriso de um anjo que tem como fundo a gravidade da coluna gótica completa o espírito humano.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 11-2-1970. Texto sem revisão do autor).
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