Catedrais Medievais
O ódio ao gótico é ódio à Igreja Católica
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Catedral de Bourges, França |
Continuação do post anterior
A civilização medieval foi um todo orgânico e coeso, em suas partes. E seus inimigos não deixam de proclamá-los ao reconhecer essa identidade de espírito que uniu o gótico à escolástica.
Quando não vão frontalmente contra a Igreja, que foi a verdadeira criadora dessa civilização, investem ora contra a escolástica, ora contra o gótico, mas sabem que, atacando um, atingiram também os outros.
A revolução religiosa, política e social dos Tempos Modernos teve como uma de suas primeiras brigadas de choque o humanismo renascentista, que atuou sobretudo no campo estético.
E vem da Renascença a palavra “gótico”, tomada em sentido pejorativo, para designar algo de bárbaro, de grosseiro, que cumpria substituir pelas belezas do classicismo neopagão.
Semelhante ódio a essa expressão estética da civilização católica aparece, através dos séculos, junto a outras formas de destruição revolucionária.
Assim é que na Revolução Francesa são arrasados os últimos resquícios do mundo gótico e feudal, ou da Cristandade como expressão política. E a fúria do barrete frigio se exerceu não somente contra as instituições, mas também contra os castelos, contra os conventos, contra as abadias, contra as catedrais.
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Catedral de Troyes, Champagne, França |
Até hoje são visíveis as cicatrizes e as ruínas que assinalaram a passagem dessa horda de vândalos.
Em 1793, por exemplo, Saint-Just e La Bas ordenaram a destruição das imagens da catedral de Strasburg para transformar esse esplendido exemplo do alto gótico em “templo da razão”.
Alguém sabendo do que ia acontecer, apressadamente e às escondidas removeu para sua própria casa e instalou em seu jardim duas estatuas, verdadeiras obras primas que simbolizam a Igreja e a Sinagoga.
Mas ainda, para salvar da sanha revolucionaria os altos-relevos do “tímpano” da entrada principal, ocultou-os sob um grosseiro painel de tabuas, no qual fez escrever as palavras mágicas: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”...
Da parte dos inimigos da Cidade de Deus, convenhamos que esse ódio ao gótico é logicamente fundamentado. Para demonstrá-lo basta que atentemos para a história desse estilo.
A arquitetura gótica não teve inicio na decadência de um estilo, mas é produto de uma nova civilização que então se estruturava e que criou novos padrões estéticos, os quais progressivamente foram se impondo a todo o mundo cristão.
Justamente o contrario da arquitetura românica, que se originou do esforço dos monges e do povo por continuar a fazer algo parecido com os edifícios romanos, cujas ruínas se espalhavam um pouco por toda parte.
Continua no próximo post
(Fonte: Catolicismo, Junho de 1960, Nº 114)
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