A Santa Cruz e o Bom Pastor. Sant'Apollinare in Classe, Ravenna, Itália
Nas basílicas de Ravenna vê-se propriamente o que é a pompa hierática e valor do hieratismo na Igreja.
Ravenna foi a terceira capital do Império Romano do Ocidente (402-476), depois de Roma e de Milão (286-402).
Aí o último imperador romano, Rômulo Augusto foi destronado por Odoacro.
Teodorico o Grande, rei bárbaro, a elegeu como sua capital, embelezando-a com elementos arquitetônicos bizantinos e elevando-a à outrora grandeza imperial no século V, pleno início da Idade Média.
Mausoleu de Gala Placidia, Ravenna, Itália
No século VIII foi sede provisória do Sacro Império Romano-Germânico.
Carlos Magno descansava na cidade entre as campanhas bélicas. Foi sua primeira capital antes de escolher Aquisgrão (Aachen).
A Basílica de São Vital (Basilica di San Vitale) é o monumento mais famoso.
Começou a ser construída em 525, sob ordem do bispo Eclésio, no reinado de Teodorico, e foi concluída por Maximiniano em 548, sob domínio bizantino.
Os mosaicos representam sacrifícios do Velho Testamento: a história de Abraão e Melquisedeque, o sacrifício de Isaac, a história de Moisés, Jeremias e Isaías, representações das 12 tribos de Israel, Abel, Caim e o Cordeiro de Deus.
Basílica de San Vitale, imperatriz Teodora
Há mosaicos dos quatro Evangelistas, sob seus símbolos e todos vestidos de branco.
Todos os mosaicos obedecem à tradição Helenística-Romana: vívidos e imaginativos, com ricas cores e uma certa perspectiva, com ricas representações da paisagem, plantas e pássaros.
Ao pé da abside estão dos dois mosaicos mais famosos, executados em 548. Representam o Imperador Justiniano, vestido em branco e com um halo dourado, ao lado de sua corte.
Ravenna , basílica de San Vitale, imperador Justiniano
A semelhança da corte do imperador com Cristo e seus apóstolos marca a simbologia do caráter sacral que a Igreja quer para um Império católico.
No segundo, do outro lado está a Imperatriz Teodora, solene e formal, também com um halo dourado, jóias e sua corte.
Os mosaicos de Ravena são famosos. Eles representam personagens romanos em atitude bizantina hierática.
Eles não estão imóveis, mas aparecem como que imóveis.
Eles têm toda a vida transparecendo no olhar e no porte.
Jesus em majestade. Basílica de San Vitale, Ravenna, Itália
Mas exibem a majestade das coisas que valem tanto que até quando não se movem, que até quando quase não falam, a sua imobilidade manifesta o seu poder.
Diz a Doutrina Católica de Nosso Senhor que ele é o motor imóvel.
Ele nunca se move, mas dEle procede o movimento que impulsiona todas as coisas.
Dante fala do amor que move o sol e as outras estrelas.
Luz intelectual cheia de amor, diz o poeta, amor cheio de todo bem.
Deus é esse amor fonte de todo movimento, fonte de toda vida. Mas, Ele, sendo imóvel, move tudo.
Sant'Apollinare nuovo, Ravenna, Itália
E as coisas terrenas algumas vezes retratam a grandeza de Deus, movendo-se, e outras vezes retratam a grandeza de Deus, não se movendo.
Há coisas que são extraordinariamente grandiosas movendo-se.
Há outras coisas que são extraordinariamente grandiosas pela sua imobilidade.
Nós que vivemos num século que não adora apenas o movimento, mas adora a caricatura do movimento que é a agitação.
Jesus coroa os justos. Basílica de San Vitale, Ravenna, Itália
Nesse século, nós fazemos muito bem de cultivar em nós o gosto destas grandes manifestações de majestade.
Sobre tudo quando se trata da majestade sacral e hierática da Igreja Católica.
Essas grandes manifestações de majestade resultam das cenas em que a gente tem a impressão que a Igreja fica imóvel, e que Ela mesma fica contemplando a sua própria obra.
Video: Ravenna: a pompa hierática da Igreja Católica
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