Catedrais Medievais
Interior decapitado, sem ponto monárquico. “Feias como o pecado” X antecâmaras do Céu – 6
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Altar-mor do santuário de Compostela |
continuação do post anteriorMichael Rose descreve o ambiente típico de uma igreja americana moderna.
As cadeiras circundam o altar. Não há genuflexórios, e as poltronas convidam a cruzar as pernas, passar o braço por cima do espaldar do vizinho ou pôr os pés no respaldo da frente.
As posturas informais calham bem com a atmosfera criada pela nova arquitetura.
Não há espírito de oração nem reverência. Não há arte sacra.
Há burburinho e bate-papo entre os fiéis. Uns procuram amigos e parentes com o olhar, e trocam “tchauzinhos”.
Não há ponto monárquico. Não raro o altar está baixo demais para ser visível.
O sacerdote, quando senta, desaparece. Se alguém está lendo, só se fica sabendo por causa das caixas de som.
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Nossa Senhora Rainha da Polônia, Cracóvia. A imagem pretende ser de Jesus Crucificado |
A igreja moderna não é hierárquica: tudo é igual. Não há lugar sagrado. O presbitério não se distingue da nave. Esta foi decapitada. É mais um local de reunião.
A igreja de Cristo Rei, em Las Vegas, é reconfigurada de tempos em tempos. Por vezes o altar está no centro, outras vezes junto a uma das paredes.
As cadeiras, ora em torno do altar, ora dispostas em asas. Os paroquianos não sabem o que os espera a cada domingo.
O atril ou ambão (pequena tribuna em forma de plano inclinado, onde se colocam livros ou pautas para serem lidos) está em alguma parte perto da mesa.
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Ambiente de recolhimento e oração na catedral de Regensburg |
Cantores e músicos se exibem num local proeminente, em que possam aparecer destacadamente.
Coro, pianista, guitarrista, violinista, baterista ficam olhando para a assembléia.
O chamado “ministério da música” é mais perceptível que o do altar.
E como o agradável e o comum são objetivos da nova arquitetura, a música também tem que ser prazenteira e popular.
Os cânticos dos fiéis são abafados pelo sistema de som.
O altar não faz referência ao sacrifício, assemelha-se a uma mesa de jantar.
Não há iconografia sacrifical, e poucas vezes um Crucifixo destacado.
Na hora da comunhão, muitos leigos distribuem as hóstias; e se colocam em tantos lugares, que é difícil escolher de qual deles se aproximar.
Quando a Missa termina, os fiéis saem conversando, rindo. Em instantes o “espaço de culto” fica abandonado, folhetos cobrem as cadeiras e o chão fica como após o término de partida de beisebol. Domina a sensação de vazio.
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Tabernáculo no convento agostiniano de Nossa Senhora das Graças, Ontário, Canadá |
E o Santíssimo Sacramento? Nas últimas décadas, a tendência foi levá-lo para uma sala à parte.
O tabernáculo do novo estilo pode assemelhar-se a uma gaiola de passarinhos ou até a um totem, como no convento agostiniano de Nossa Senhora das Graças, em Ontário, Canadá.
Outros são cilíndricos ou cônicos, conhecidos como “torres do sacramento”.
O ambiente em torno nada tem de sacral, acolhedor, nobre ou elevado, e não convida à adoração.
Igrejas deliberadamente não-igrejas
O que há na cabeça dos desenhistas desses “espaços de culto”? Rose reproduz axiomas de um maître-à-penser da arquitetura eclesiástica moderna, Edward Sövik.
Este arquiteto luterano de Minnesota desenhou mais de 400 projetos para igrejas católicas e protestantes.
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Dois conceitos de templo e de Igreja: aqui acima a catedral de Albi, França |
Ele forjou o conceito de não-igreja, ou casa do povo: uma estrutura que poderia não ser uma igreja e onde o povo pode ter seu culto. Portanto, um recinto o mais descaracterizado possível, sem respeitabilidade nem beleza.
Para Sövik, “se o local é reservado para a liturgia, logo vai ser interpretado como ‘casa de Deus’, vai ser visto como um lugar santo, enquanto outros locais serão vistos como profanos ou seculares” (U, 157). A santidade e a sacralidade da 'casa de Deus' é o mal a ser evitado!
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... um outro conceito da religião e da igreja: conjunto paroquial ‘S. Tiago Apóstolo', Ferrara, Itália |
O padre católico Richard Vosko, LDC da nova catedral de Los Angeles, EUA, explicou à imprensa que não quis criar um lugar sagrado, mas uma “forma arquitetônica que possa acolher formas rituais de uma religião, seja ela judaica, católica, muçulmana, ou não seja nada” (U, 170). Portanto, válida para qualquer crença ou erro: para falsos deuses!
“Móveis e instrumentos simbólicos, pregou ainda Sövik, devem ser portáteis, variados, para serem trocados, mudados de lugar ou abandonados, na medida que o desejarem os paroquianos do futuro” (U, 157).
Tudo deve ser perecível, banal, incapaz de transmitir tradições, tidas como um mal a evitar.
continua no próximo postGLÓRIA CRUZADAS
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