O tufão satânico contra a catedral de sonho
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O tufão satânico contra a catedral de sonho


Notre Dame viveu momentos trágicos
Notre Dame viveu momentos trágicos

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As profanações e o saque da catedral

Impressionou-me ter ouvido certa vez um professor afirmar que, infelizmente influenciado por certas ideias revolucionárias, Luís XVI já teria aprovado a demolição da catedral de Notre Dame para erguer em seu lugar um templo em estilo grego, a exemplo da igreja de La Madeleine, em Paris.

Felizmente esse terrível desígnio não se realizou.

Como se sabe, no dia 21 de janeiro de 1793, a Revolução cortou a cabeça de Luís XVI na praça da Concórdia.

O monarca, aliás, se houve no momento da morte com um valor e uma resignação cristã exemplares. Impedindo inicialmente que o carrasco lhe amarrasse as mãos, olhou interrogativo para o sacerdote que o assistia junto ao cadafalso.

O Pe. Edgeworth lhe disse então que se deixasse atar, pois assim mostraria mais um sinal de semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo, injustamente condenado.

Em uma atitude digna de um mártir, o rei cessou de imediato qualquer resistência.

Profanação de Notre-Dame na Revolução Francesa.
Festa da deusa Razão, 10-11-1793
(Charles Louis Muller, 1878)
Mas se a catedral não foi demolida, algo pior aconteceu: no período da Revolução Francesa, a Convenção revolucionária decretou que a igreja passava a chamar-se templo da deusa Razão.

Na realidade, Notre-Dame já vinha sendo degradada desde 1790.

Não se sabe por que nem por quem a flecha foi desmontada entre 1786 e 1792.

Durante a Revolução, os demolidores destruíram todos os brasões, coroas e escudos da catedral. Sinos e bordões foram fundidos para fazer canhões.

As imagens foram condenadas à destruição como “simulacros góticos”. Derrubadas, mutiladas e quebradas, as estátuas da galeria dos reis de Judá, na fachada, foram precipitadas ao pátio.

Cacos e fragmentos foram roubados e vendidos.

Em 1977, importantes fragmentos de 21 das 28 cabeças foram encontrados durante escavações.

Detalhe da profanação blasfema, quadro acima.
As cruzes foram igualmente derrubadas. Os mármores, quebrados.

Os vitrais que continham a flor-de-lis, lambuzados grosseiramente com tinta a óleo.

Todos os altares foram sistematicamente destruídos e os túmulos profanados.

“Façamos tábula rasa do passado! Soem os tambores! Que corra o sangue! A pátria está em perigo. Todos os indulgentes são suspeitos. Todos os suspeitos são culpados. O Terror é uma espiral infernal que se enrola sobre si mesma não poupando ninguém”.(14)

A catedral foi transformada depois em depósito: enquanto seus móveis e madeiras eram vendidos em leilão, guardavam-se tonéis de vinho em sua nave.

Pilhada pelos exploradores como a carcaça de um animal pelos abutres, ela era no final quase como um barco fantasma.

Passado o tufão revolucionário, sobe Napoleão, “a Revolução em botas”. Os fatos são bastante conhecidos: o general faz vir à força o Papa Pio VII para a sua coroação imperial em Notre-Dame.

Nossa Senhora continua triunfando sobre os vagalhões da impiedade.
Imagem de Nossa Senhora de Paris no centro da fachada.
Não terá sido fácil convencê-lo a casar-se com Josefina, para que também ela pudesse ser coroada como sua esposa. O matrimônio só foi celebrado na véspera, discretamente.

Napoleão — que roubou sacrilegamente da Casa de Loreto e depois mandou derreter a imagem do Menino Jesus de ouro, cujo tamanho e peso era o mesmo do recém-nascido Dieudonné, oferecida por Luís XVIII e Ana d’Áustria em ação de graças pelo nascimento de Luís XIV — fez esperarem pacientemente, na nave de Notre-Dame, o Papa, os bispos, o corpo diplomático e toda uma legião de convidados ilustres e autoridades representativas da nação… Duas horas de atraso!

Finalmente, a cerimônia desenrolou-se. Sob o olhar penalizado do Pontífice, Napoleão coroou-se a si mesmo, e depois a Josefina. Era 2 de dezembro de 1804.

(Autor: Gabriel J. Wilson)

continua no próximo post



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